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terça-feira, 24 de julho de 2012 @ 10:35
E já tinha passado uma semana. As coisas nunca mais foram como eu queria, não me sentia capaz de andar, de falar, apenas voava e isso, posso-vos dizer que é possível. As pessoas são umas patetas! Acreditam plenamente no que as outras pessoas dizem. Se as pessoas dizem que é impossível voar, elas acreditam, se as pessoas dizem que é impossível salvar-se da morte, elas também acreditam... Então, é assim que a nossa sociedade se está a criar... As pessoas acreditam no que as outras pessoas acreditam, mas e os nossos sonhos? Isso é realmente o que mais importa! Não sei como consigo escrever, não sei como, sequer, consigo respirar! Sim, a culpa é tua!
Chego a casa e puxo de um cigarro e de um Cd dos Beatles, sento-me no sofá e tudo o que quero é nicotina, forte, para que possa, rapidamente, sair desta casa! As paredes cheiram a nós, às noites, às manhãs, às discussões, aos ciúmes... É triste ver no que as pessoas se podem tornar... Mais tarde ou mais cedo sabia que éramos invadidos pela escuridão e pelos pensamentos negativos.
Tu não me consegues ver, ou sentir... Estás demasiado exposto à tua vida, à vida da tua banda, do nosso filho e eu? Eu sou o quê, afinal? Alguém que tu, às vezes, pedes para beber um copo, ou dois, ou três? Sempre acreditei que chorar fazia mal, mas agora, acho que chorar é o melhor! Chorar em silêncio custa, chorar sem ninguém te ver ou apoiar custa ainda mais. Sinto-me sozinha com o Heitor. Ele tem três anos e não tem culpa dos pais que tem. Eu amo o meu filho, farei de tudo por ele. Há uns anos diria que faria de tudo por ti, mas não posso fazer de tudo por uma pessoa quando o que ela me dá é nada. Sempre que te confronto tu dizes: "E o dinheiro que temos?" O teu dinheiro não chega para o amor que preciso. Somos tão pobres que a única coisa que temos é dinheiro. Quero poder sentir-te mais, quero poder ouvir dizer "amo-te", sem pressas, sem discussões... Outro cigarro, outra música, outros pensamentos. Chegaste.
- Olá! - Digo.
- Oi.
- Estás bem?
- Não. Preciso de falar contigo. - Nisto, ele desliga o som.
- Diz!
- Tenho saudades tuas!
- Eu também! - E beijámos-nos como à muito não fazíamos.
Sinto que as coisas vão poder mudar... Com o tempo, de vagar, sem pressas, porque, afinal, ainda nos amamos... Pelo menos, acredito que sim ou quero acreditar que sim. Se não, porque razão ele me beijaria? Me diria que me amava, me diria que tinha saudades minhas?
Do fundo do corredor, enquanto fumo um cigarro à varanda ouço: "Olá, mãmã!", ouço o Heitor a tentar correr. Abro-lhe os braços e digo: "Bebé, vem cá! Como foi o teu dia?" E ele apenas diz: "Bincá" e deixo-o ir brincar. Continuo a fumar na varanda e sinto-o a agarrar-me e diz:
- Espero que seja desta vez... I was made for lovin' you and you are made for lovin' me.
- Always, my love. - Disse-lhe, beijando-o de seguida.
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