mini romance
segunda-feira, 12 de setembro de 2011 @ 20:48

ligo o som do rádio e invade-me a casa. por momentos, sento-me no sofá e pensamentos fortes aparecem na minha cabeça, mas o meu coração não consegue responder. as lágrimas saem e puxo as mãos à cara. de repente, batem à porta. ainda tinha alguma esperança que fosses tu, porque, lá no fundo, eu acreditava que ainda sentias as minhas coisas. levanto-me, puxo a saia para baixo, limpo a cara e olho-me ao espelho. vejo que tenho um botão da camisa solto e meto-o no sítio. olho-me mais uma vez ao espelho. não sei o porquê de me olhar tanto ao espelho, mas sinto que ainda não consigo sair ao mundo e era verdade, o espelho não podia mentir; estava com olheiras profundas, mas quem quer que fosse... oh, nem penso nisso agora, não quero saber o que os outros pensam, estou preocupada comigo. senti que a casa não estava preparada para receber alguém. amar dói. amar desfaz tudo o que um dia construí-mos.
- olá. quis...
- ah, és tu. - não consegui disfarçar o tamanho da minha tristeza.
- sim, sou eu. estavas à espera de alguém?
- não, só que... - estava. estava à espera de que ele mostra-se que gostava de mim, porque quando se ama não se desiste e ele desistiu. desistiu de tudo de um dia para o outro.
- ouve, querida... não fiques assim, por favor. eu não gosto de... - interrompi, já sabia o que vinha daí e disse:
- entra, aqui não estás a fazer nada. - e entrou, entrou por um lugar que nem eu própria agora conhecia; a minha casa. eu já não conhecia nada de mim, já nada era meu. pelo menos, era isso que sentia. tu já não eras meu, a tua casa já não era no meu coração, eu já não era eu. perdi tudo o que me tinha preenchido, tudo o que sentia que era realmente meu, mesmo tu dizendo que nada era de ninguém. tinha sido uma estúpida, ao acreditar nisso. enquanto me perdia nos pensamentos, tu olhavas os carros, a noite e o movimento nocturno. olhavas pela janela e sentias-te fraco, por não poderes fazer nada por mim. então, vieste na minha direcção, empurraste as molduras dele, que estavam em cima da mesa de apoio, para o chão, sentaste-te e eu vi-as a partirem-se em bocadinhos, cada um mais pequeno que o outro. atreveste-te:
- viste o que lhes aconteceu?
- como é que queiras que tenha visto? tu partiste a minha última memória! - disse irritada.
- de que te valem estas memórias? trazem-te felicidade? levam-te ao passado? acorda! as memórias foram coisas que aconteceram. por exemplo, memória será quando eu, um dia, partir e tiver que te deixar. memórias, são isso. as memórias magoam as pessoas. são lamentações, momentos passados, que tu não poderás fazer nada para que voltem acontecer. deixa-te disso! - fogo, sentia-me tão mal. como é que ele tinha razão? ele tinha razão em cada palavra que pronunciava, em cada palavra que fazia mover-lhe a boca. e eu, calada, chorava, chorava como uma criança. era nestes momentos que desejava que a minha mãe me acordasse deste pesadelo! não tive coragem de abrir os olhos, mas senti-o andar. sentou-se ao pé de mim no sofá e limpou-me as lágrimas. puxei a saia para baixo e dei-me ao trabalho de ver se estava tudo bem com o meu aspecto físico.
- tens alguma coisa que se beba, nesta casa? - perguntaste, sem hesitar.
- tenho. acho que há um frasco de champagne que o meu avô me trouxe de frança.
- está bem. vou buscar para nós. - e foi. eu sentia-me a pior companhia do mundo, sentia que ninguém merecia estar ali comigo, mas ele estava. quando regressou, trouxe mantas, porque a casa estava fria e acendeu a lareira. disse-lhe:
- obrigada.
- obrigada?
- sim. obrigada por estares aqui comigo. eu sem ti, acho que não conseguia suportar isto tudo.
- não agradeças. tu mereces isto tudo e muito mais. toma, bebe isto. - e estendeu-me um grande copo de champagne. um dos melhores champagnes, nem ele mesmo já o tinha visto. sentia-o aproximar-se de mim. estava frio, estava uma boa noite de inverno. e eu disse-lhe:
- está tanto frio!
- pois está, mas não havia mais mantas e também tens cá pouca lenha. a esta hora não posso ir ao super mercado, já deve estar fechado. - olhei para o relógio, em cima da mesa, e realmente já era tarde demais. marcava uma e meia da manhã. já estava tarde, mas isso não me importava. eu estava a gostar da companhia e amanhã era sábado, não tinha que ir trabalhar. a companhia estava a ser muito boa. dei por mim a desejar mais desta noite e tenho a certeza que não era os copos a mais de champagne. a certeza de estar agora, aqui, era muito mais do que aquela de recuperar as minhas molduras. o meu coração batia a cem à hora, tremia e tinha parado de chorar. o clima estava bastante quente. chegaste-te ao meu ouvido e disseste:
- há uma coisa que há muito te quero dizer.
- o quê? - fiquei com medo do que pudesses dizer. será que estaríamos os dois a falar do mesmo? então, agarraste-me bem e eu, deixei-me ir pelos teus braços abaixo. ficámos de pernas entrelaçadas e continuaste-me ao ouvido:
- isto é do álcool?
- o quê? isto o quê?
- este momento, querida! - adorava o facto de estarmos a sussurrar. adorava o facto de este momento estar a ser o melhor dos últimos tempos, de estar a ser nosso, de estar acontecer e não de ser uma memória.
- não. eu estou bem lúcida. e tu, é dó álcool?
- não. achas?
- não sei. - e rimo-nos como perdidos. beijaste-me como nunca, o teu toque era suave. agarraste-me e levaste-me para o quarto e assim dormimos. agarrados um ao outro, naquela noite de sexta-feira, fria. longe de sabermos que iríamos ficar juntos para o resto da nossa vida.
- olá. quis...
- ah, és tu. - não consegui disfarçar o tamanho da minha tristeza.
- sim, sou eu. estavas à espera de alguém?
- não, só que... - estava. estava à espera de que ele mostra-se que gostava de mim, porque quando se ama não se desiste e ele desistiu. desistiu de tudo de um dia para o outro.
- ouve, querida... não fiques assim, por favor. eu não gosto de... - interrompi, já sabia o que vinha daí e disse:
- entra, aqui não estás a fazer nada. - e entrou, entrou por um lugar que nem eu própria agora conhecia; a minha casa. eu já não conhecia nada de mim, já nada era meu. pelo menos, era isso que sentia. tu já não eras meu, a tua casa já não era no meu coração, eu já não era eu. perdi tudo o que me tinha preenchido, tudo o que sentia que era realmente meu, mesmo tu dizendo que nada era de ninguém. tinha sido uma estúpida, ao acreditar nisso. enquanto me perdia nos pensamentos, tu olhavas os carros, a noite e o movimento nocturno. olhavas pela janela e sentias-te fraco, por não poderes fazer nada por mim. então, vieste na minha direcção, empurraste as molduras dele, que estavam em cima da mesa de apoio, para o chão, sentaste-te e eu vi-as a partirem-se em bocadinhos, cada um mais pequeno que o outro. atreveste-te:
- viste o que lhes aconteceu?
- como é que queiras que tenha visto? tu partiste a minha última memória! - disse irritada.
- de que te valem estas memórias? trazem-te felicidade? levam-te ao passado? acorda! as memórias foram coisas que aconteceram. por exemplo, memória será quando eu, um dia, partir e tiver que te deixar. memórias, são isso. as memórias magoam as pessoas. são lamentações, momentos passados, que tu não poderás fazer nada para que voltem acontecer. deixa-te disso! - fogo, sentia-me tão mal. como é que ele tinha razão? ele tinha razão em cada palavra que pronunciava, em cada palavra que fazia mover-lhe a boca. e eu, calada, chorava, chorava como uma criança. era nestes momentos que desejava que a minha mãe me acordasse deste pesadelo! não tive coragem de abrir os olhos, mas senti-o andar. sentou-se ao pé de mim no sofá e limpou-me as lágrimas. puxei a saia para baixo e dei-me ao trabalho de ver se estava tudo bem com o meu aspecto físico.
- tens alguma coisa que se beba, nesta casa? - perguntaste, sem hesitar.
- tenho. acho que há um frasco de champagne que o meu avô me trouxe de frança.
- está bem. vou buscar para nós. - e foi. eu sentia-me a pior companhia do mundo, sentia que ninguém merecia estar ali comigo, mas ele estava. quando regressou, trouxe mantas, porque a casa estava fria e acendeu a lareira. disse-lhe:
- obrigada.
- obrigada?
- sim. obrigada por estares aqui comigo. eu sem ti, acho que não conseguia suportar isto tudo.
- não agradeças. tu mereces isto tudo e muito mais. toma, bebe isto. - e estendeu-me um grande copo de champagne. um dos melhores champagnes, nem ele mesmo já o tinha visto. sentia-o aproximar-se de mim. estava frio, estava uma boa noite de inverno. e eu disse-lhe:
- está tanto frio!
- pois está, mas não havia mais mantas e também tens cá pouca lenha. a esta hora não posso ir ao super mercado, já deve estar fechado. - olhei para o relógio, em cima da mesa, e realmente já era tarde demais. marcava uma e meia da manhã. já estava tarde, mas isso não me importava. eu estava a gostar da companhia e amanhã era sábado, não tinha que ir trabalhar. a companhia estava a ser muito boa. dei por mim a desejar mais desta noite e tenho a certeza que não era os copos a mais de champagne. a certeza de estar agora, aqui, era muito mais do que aquela de recuperar as minhas molduras. o meu coração batia a cem à hora, tremia e tinha parado de chorar. o clima estava bastante quente. chegaste-te ao meu ouvido e disseste:
- há uma coisa que há muito te quero dizer.
- o quê? - fiquei com medo do que pudesses dizer. será que estaríamos os dois a falar do mesmo? então, agarraste-me bem e eu, deixei-me ir pelos teus braços abaixo. ficámos de pernas entrelaçadas e continuaste-me ao ouvido:
- isto é do álcool?
- o quê? isto o quê?
- este momento, querida! - adorava o facto de estarmos a sussurrar. adorava o facto de este momento estar a ser o melhor dos últimos tempos, de estar a ser nosso, de estar acontecer e não de ser uma memória.
- não. eu estou bem lúcida. e tu, é dó álcool?
- não. achas?
- não sei. - e rimo-nos como perdidos. beijaste-me como nunca, o teu toque era suave. agarraste-me e levaste-me para o quarto e assim dormimos. agarrados um ao outro, naquela noite de sexta-feira, fria. longe de sabermos que iríamos ficar juntos para o resto da nossa vida.
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